... voltei a mim. Levantei-me e voltei à rua. Não basta sentir-me "pequenino", é preciso arregaçar as mangas e fazer alguma coisa, por mais insignificante que possa parecer.
Caminhei cerca de uma centena de metros, e na passadeira que me surgiu, passei para o lado de lá da rua. Debaixo de um prédio havia um pequeno café. Entrei. Era realmente pequeno mas muito acolhedor. Como sou um pouco tímido e não gosto de me sentir observado, fiquei logo na primeira mesa que me apareceu. A mesa de madeira em consonância com o pequeno café de decoração rústica , ficava escondida por de trás da porta. Bem ao meu gosto.
Pouco depois uma bela jovem veio ao meu encontro. A sua beleza era tal que por si só, deixou-me completamente vazio de pensamentos e de sentidos. Pele clara e corada - talvez pela minha expressão - cabelo negro pelos ombros e olhos redondos e escuros, deixavam transparecer um doce olhar de menina. Chamava-se Margarida, pelo que entendi pelo seu crachá, branco com letras em azul escuro. Perante tanta beleza, quase não consegui dizer que queria um café.
Não consigo dizer se ela, realmente, entendeu o quanto fiquei boquiaberto com sua beleza exterior. Quase como que envergonhado pela minha reacção, tremi ao abrir a saqueta do açúcar e ao coloca-lo na chávena , ainda deixei que algum do pouco açúcar , caísse para fora...
Mais ao fundo da sala dois casais com idades compreendidas entre os quarenta e muitos e os cinquenta, argumentavam e contra-argumentavam sobre o referendo ao aborto. Quando os casais solicitaram à Margarida a sua opinião sobre o mesmo ela respondeu: - A minha mãe, tinha 16 anos quando ficou grávida de mim. Toda a família a pressionou para que ela abortasse, ela contra todos, rejeitou fazê-lo. Hoje aqui estou eu, orgulhosa da mãe que tenho e feliz pela vida que Deus me deu...
Enquanto a ouvia falar, observava-a, fui formando um pequeno pensamento: Meu Deus, como é que possível haver tanta beleza junta num só ser Humano...
. Da Ocidental praia Lusita...